Angus é caminho de qualificação da pecuária em Minas Gerais

Em expansão no rebanho do Estado de Minas Gerais, o uso de genética Angus é visto como tendência para qualificar a produção de carne e elevar a rentabilidade das propriedades rurais. A garantia foi pontuada durante as palestras do Circuito Touro Angus Registrado, que teve sua primeira edição no Estado realizada na Casa Branca Agropastoril, em Silvianópolis, na sexta-feira (06/9). Segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), a raça é responsável pela comercialização de 4,9 milhões de doses de sêmen ao ano no Brasil, mais da metade do total negociado por todas as raças de corte (9,6 milhões de doses). Minas Gerais absorve 535,5 mil doses ao ano de sêmen de animais de corte (5,6% da comercialização nacional) e quase metade das vendas registradas no Estado já são de animais Angus (249,4 mil doses).

Segundo o gerente de Fomento da Angus, Mateus Pivato, a raça é o caminho para elevar o índice de desfrute da pecuária brasileira, hoje em cerca de 20%. Nos Estados Unidos, essa marca – que mede a produtividade das propriedades - chega a 34%. “Isso nos mostra que a pecuária brasileira tem um grande potencial de expansão e que pode assumir o primeiro lugar na produção de carne no mundo”. E citou que a cooperação entre raças pode auxiliar nesse processo de elevação de rentabilidade, permitindo que os benefícios de cada uma delas se expresse com maior vigor. “Os produtores precisam produzir mais com menos. E isso significa produzir na vertical, um trabalho que está alicerçado em quatro pilares: genética, sanidade, manejo e nutrição”, completou Pivato. E lembrou que o cruzamento industrial entre a Angus e as raças zebuínas é uma excelente oportunidade de lucro e qualidade.

A gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina Menezes, seguiu apresentando os benefícios da raça Angus aos criadores mineiros falando sobre o mercado da carne. Pontuou que é essencial entender os desejos do consumidor, que vêm mudando ao longo dos anos. Contudo, ressaltou que uma exigência é constante: padronização. “O consumidor quer comprar e está disposto a pagar, mas ele não quer saber se temos seca no campo, ou qualquer outro evento que possa influenciar o abastecimento. Ele quer um produto padronizado”, frisou, destacando a importância da maciez na satisfação do cliente. “A avaliação da carne de alta qualidade é uma questão de sensações”, completou. E acrescentou que, com o passar dos anos, o setor vem sendo cobrado por diversos novos fatores. “O cliente quer saber se a carne é macia e saborosa, mas também se o pecuarista tem boas práticas, se conserva o meio ambiente e se o animal foi criado dentro das normas de bem-estar”, elencou.

Ana Doralina ainda reforçou a relevância de usar bem a genética Angus disponível por meio de sistemas de criação e nutrição eficientes que permitam o correto acabamento das carcaças com a quantidade de cobertura de gordura necessária para enfrentar a cadeia de frio por que passam os cortes. “Não adianta ter uma boa genética sem ter a nutrição adequada ou sistema de produção que permitam produzir um produto de qualidade ”. E conclui: “Genética, animais jovens e bom acabamento. Esse é o segredo do programa Carne Angus”.

O circuito de palestras ainda contou com apresentação da superintendente da Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC), Silvia Freitas. Ao falar sobre o trabalho da entidade, salientou a importância do registro para o desenvolvimento dos rebanhos brasileiros. Detalhou como é feito o registro dos animais da raça Angus e as diferentes formas de marcação e organização de dados. Mencionou ainda a importância do criador utilizar as informações que constam no Sumário de Touros, publicação que reúne os dados dos reprodutores disponíveis no mercado, para escolher os melhores acasalamentos. “Temos que correr atrás da tecnologia na pecuária e achar no sumário as características que preciso para atender a cada uma das necessidades”.

Ao falar do Programa de Melhoramento de Bovinos de Corte (Promebo), mencionou os avanços que devem advir de um trabalho inovador iniciado em 2019 que consiste em avaliar animais meio-sangue para criar indexadores para os touros Angus e ventres Zebuínos. “A ideia é dar ferramentas para a seleção de touros e matrizes que geram bezerros mais adaptados para uso principalmente em estados do Sudeste e Centro Oeste”.

Após as palestras, os visitantes puderam aproveitar uma degustação de carne Angus, onde foi possível verificar na prática a qualidade que a genética traz à carne. “Foi uma apresentação muito legal”, disse a estudante de Medicina Veterinária Alessandra Collares, que acompanhou a agenda ao lado da colega Márcia Ramos.

Credito: Carolina Jardine